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terça-feira, novembro 29, 2011

Sou bom em esquecer, e é por isso que escrevo


Não sou bom em conquistas, sabe, aquele jogo de olhares, mão no cabelo e entender os sinais. Não sou bom em expressar-me, de um jeito sutil ou de um jeito despojado, apenas não sei quando é a hora certa de dizer determinada coisa, e quando sei, não a digo.
Acho que a beleza do ser humano é esta, a de poder ser imperfeito e falho, de poder nunca atender as expectativas e mesmo ainda assim ter o seu ponto forte, que no fim é fraco e que depois some.
Eu só fui bom em uma coisa durante toda a minha vida: esquecer. Sou bom nisso, me deixo levar e esquecer, e esqueço as mágoas, as tristezas, os amores, as rivalidades e os sonhos. Sou bom em esquecer, e é por isso que escrevo.

sábado, novembro 26, 2011

TROVOA - Maurício Pereira



sozinha na padoca em Santa Cecília
no meio da tarde
soluça, quer dizer, relembra
batucando com as unhas coloridas
na borda de um copo de cerveja
resmunga quando vê
que ganha chicletes de troco

lebrando que um dia eu falei
"sabe, você tá tão chique
meio freak, anos 70
fique
fica comigo
se você for embora eu vou virar mendigo
eu não sirvo pra nada
não vou ser teu amigo
fique
fica comigo…"

[...]

e se abraçar com força descomunal
até que os braços queiram arrebentar
toda a defesa que hoje possa existir
e por acaso queira nos afastar
esse momento tão pequeno e gentil
e a beleza que ele pode abrigar
querida nunca mais se deixe esquecer
onde nasce e mora todo o amor

segunda-feira, novembro 21, 2011

Te amo um tanto assim


Escolhi uma navalha qualquer, a primeira que estava na prateleira da loja. Não me importava a marca, e sim o seu corte. Havia de ser potente e preciso, para fazer o seu trabalho em um piscar de olhos, e para que a dor seja forte, mas não extrema. As vezes a gente só pensa mesmo no resultado de uma decisão em nossa vida, mas naquele dia, eu pensava apenas nessa decisão.
Já estava pensando em me matar tinha um certo tempo, desde que minha amiga me rejeitou. Conheço aquela mulher desde que ela era uma menina, com seus dezesseis anos de idade, até agora aos vinte e poucos. Ela sempre foi linda, com o cabelo curto que lhe dava um ar de boneca, seu batom vermelho lhe deixando sensual e o formato de nariz digno de uma rainha europeia. Antes ela era linda de um outro jeito, quando usava cachos e tinha espinhas, nessa época que ela me conheceu. E foi assim, uma identificação mútua de pensamentos, onde ela completava minhas frases e me deixava sem fala. Ela não nutria o que eu sentia por ela, em nenhum momento nutriu.
Disse-me que sentia pena de mim, que eu era um ser vergonhoso e asqueroso, que somente me interesso por coisas supérfluas e nunca conseguiria gostar de algo, de amar. Mal sabe ela, que eu a amei; amei de corpo e alma e sempre deixei isso claro, e em cada momento junto à ela eu reafirmava essa posição. Disse que a amava quando ela engessou o braço e pediu-me que assinasse. Disse que a amava quando peguei aquele pequeno cacho solto de cabelo que estava em sua bochecha e joguei fora. Disse que a amava até mesmo quando disse que a amava.
Fiquei sabendo que o corte tem que ser feito verticalmente, porque o corte horizontal só leva para o hospital. Pesquisei sobre o assunto, refleti e disse que não precisava  só causar um susto e levar alguns pontos. Se ela não me amava, nunca me amaria e eu não serei capaz de ser feliz. Queria que o corte jorrasse na parede, assim eu poderia escrever AMOR, acho que daria tempo, melhor escrever pequeno. E foi assim, rápido e dolorido, um corte mais profundo do que eu achei que seria. Talvez o ódio, tomou posse de mim e me fez ter força para tanto, ou talvez foi o desprezo e a ira, ou até mesmo a paixão. O sangue saiu rápido demais, mais até do que eu achei que seria. Na internet não falava nada disso. O sangue escorreu pela parede toda, pelo chão e por cima e mim depois que eu cai. Com o resto de força que ainda tinha, cortei o outro pulso. Esse foi mais fraco e a lâmina logo caiu de minha mão, só deu tempo de olhar para a minha parede onde a única coisa escrita era AMORTE.

sexta-feira, novembro 11, 2011

Só sei dançar com você, isso é o que o amor faz



Pego sua mão e sinto o calor,
calor este que antes sentia no meu corpo.

Faço seu cabelo voar para um lado
e para o outro te deito.

Nossos rostos estão colados
e você com o seu sorriso
me deixa feliz por dentro e por fora.

Um rodopio pra lá
e dois passinhos pro lado
me sinto dançando quando ando na rua
e você está junto à mim.

Sento no meio fio
e como um dançarino de sapateado
bato os pés no chão para atrair seu olhar,
que me olha, e me tira a roupa.

Sinto-me um bobo quando ando na rua
e você está junto à mim.

terça-feira, novembro 08, 2011

Rockstars and Cigarettes - Beeshop

Ai meu, o que eu estou fazendo aqui?
Porque eu de repente desapareci?
E por quê raios eu não estou com você?

Eu posso ver o mundo de onde estou,
Vejo que está perdida e precisa de uma mão
Mas nesse momento, eu não posso te alcançar.

Eu era só uma alma vazia nesse mundo, agora eu sei
Eu era o acorde errado da sua música
Eu não fazia parte

Aqui não é tão diferente
Só não tenho que pagar aluguel
E eu vi pessoas que eu realmente senti falta

Eu vi astros do rock e presidentes
E então eu entendi que nunca conseguiria
viver sem o seu toque

Eu era só uma alma vazia nesse mundo, agora eu sei
Eu era o acorde errado da sua música
Eu não fazia parte

Ai meu, ai meu, o que eu estou fazendo aqui?
Porque eu de repente desapareci
Sem dizer ao menos adeus à você?

Meus dias se queimaram como um cigarro
especialmente depois que nos conhecemos
Mas nesse momento, eu só sinto a sua falta.