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quarta-feira, junho 24, 2020

domingo, junho 07, 2020

Otro

Meu ultimo post nesse blog foi em Dezembro de 2014. De lá pra cá muita coisa aconteceu e olhando pra trás, 6 anos depois é incrível ver tudo o que mudou. Ainda não sei se a mudança foi de fora pra dentro ou de dentro pra fora, mas mudou.

Com esse clima eu vou analisar um e-mail meu pra mim mesmo. Isso, o Gui de 2011 mandou um email para o Gui de 2018 e o Gui de 2020 vai ler e comentar (parece uma série de sci fi né).

O e-mail abaixo foi escrito em 23 de Junho de 2011. E recebido em 23 de Junho de 2018

Dear FutureMe, Hoje, já é inverno, você acabou de chegar do curso de inglês, de segunda e quarta na wizard. Tá tocando Maria Bethânia no player do windows, você está conversando com a Lays, a Amandinha, e a Cristina no msn (a renata também, mas ela n conta). - Não converso mais com nenhuma dessas pessoas, o bom gosto musical continua. 

Minha vida está meio que uma bosta, e meio que sem rumo hoje em dia... Eu sai da faculdade de administração esse ano, e não tenho o que fazer, fico em casa, nao trabalho, nao estudo, nada... Estou com um vestibular marcado para Comércio exterior, na fatec. E me inscrevi no Prouni, para relações internacionais.
Eu quero fazer aulas de alemão, francês e espanhol. Quero viajar para a Austrália, e começar a trabalhar em alguma coisa que envolva o inglês, porque é o que eu sei fazer. - Lágrimas nos olhos, foi um período difícil e eu estava realmente perdido. Essa época eu emagreci muito e minhas lembranças mais escuras são desse tempo. Por outro lado, passei na FATEC e ganhei a Bolsa do ProUni, optando pelo último. A faculdade me fez ter contato com muita gente e mudou minha vida de cabeça pra baixo em todos os sentidos a partir daí.

A música trocou, e agora está tocando Sugar Kane - Instante inconstante. - Tenho que ouvir de novo essa, é boa.

Hoje foi o dia em que eu fui jurar a bandeira, foi muito engraçado os soldados todos errados e tal AHAHAH, tem amendoim doce na casa da vó helena, sabado eu vou sair com meus amigos Victor, Ligia, Bell, Ju, Will, Pati e eu...  Nao sei aonde vamos, mas vai ser bom revê-los. - Também não falo mais com eles. Engraçado como tem gente na sua vida que é fundamental para uma certa fase, mas que com o passar dos anos se afastam e quer saber... tá tudo bem também.Meu celular é o Lg 360. - Abaixo imagem ilustrativa


Eu estou vestindo um tenis adidas branco, e uma blusa do lanterna verde que brilha no escuro ~~ acho bom ainda ter essa blusa~~. - Continuo tendo tenis Adidas Branco, mas o moletom do lanterna ficou com uma ex namorada. Não me arrependo, tenho certeza que ela ficou feliz :)

Ainda estou solteiro, e espero que vc nao esteja. Você joga cityville no facebook, e nao tem muitas ocupações. - Spoiler: Continua solteiro e jogando fazendinha

Seu perfume é o Aguas de natura Folhas de Pimenta E o Musk Marine da avon. Tenho 18 anos, moro com a minha mãe em poá. - 27 anos, moro na Argentina e uso um perfume da Armani, mas se esse da natura existisse eu estaria usando até hoje.

Quero no futuro, estar trabalhando, estudando talvez, e com um dinheiro e uma namorada que me ame. Quero morar sozinho e conseguir uma liberdade.
Acho que é tudo isso, don't fuck it all up, and take care of who loves you.
Tenho um trampo mó legal, saí do armário e tenho essa liberdade que sempre quis. Nada foi fácil e não acho que vai começar a ser agora, mas a última frase do Gui de 2011 diz tudo: Cuide de quem ama você. Quem diria que eu, com 18 anos cheio de decepções e sonhos, diria essa frase tão curta e tão cheia de significados ao mesmo tempo. 

O meu e-mail pra mim mesmo termina com essa foto aqui embaixo. Um cara cabeludo, que não sabia muitas coisas da vida, mas que esta ali com o sorriso no rosto e sempre olhando pra frente. É, parece que não mudou muita coisa mesmo...



ps. Quando recebi meu email de 2011 eu decidi escrever outro pra mim mesmo no mesmo espaço de tempo. Já estou contando os dias pra você Gui de 2018 me contar o que é que você estava pensando.

sexta-feira, dezembro 26, 2014

Negra nesga de um caderno

A escuridão dessa passagem me fez tremer até a alma. Era uma única frase escrita em um papel amassado que foi esmagado contra a minha mão.
Foi assim, chegou, olhou fundo nos meus olhos e pegou minha mão esquerda fazendo ela se abrir, apertou o papel lá e fechou.
Saiu correndo sem dizer nada, o cabelo preto e curto deitado atrás dela. Era uma mistura de mistério e mosteiro, havia um segredo ali mais uma calma e paz de espírito (dela).
O trecho do mistério foi resolvido bem rápido. Abri o papel e li.
A parte do mosteiro que eu acho que foi perdida em algum lugar, talvez não volte a encontrar tão cedo.
O papel tinha a grafia de sempre. A tinta estava um pouco borrada no final, mas nada que impedisse a compreensão da leitura.
Sempre me perguntei, enquanto estávamos juntos, até quando iríamos durar.
Durou até eu abrir aquele pedaço de folha de caderno e tentar olhar uma última vez pro fim da rua, mas a esquina já a havia engolido.

sábado, abril 19, 2014

E nem em todo
O céu de São Paulo

Nenhuma rua
Nenhuma estrada

Nem sob toda a rua Augusta,
Eu via mais estrelas
Do que nos olhos seus

quarta-feira, junho 19, 2013

Eu gosto tu gostava

"Eu quando gosto, é diferente". Me disse com um copo de cerveja na mão.
A minha vida parece que foi escrita por um autor de romances policiais, que decidiu mudar de tema e quis partir pro drama. Nunca vi tanta confusão, nunca vi.
Olhei para ele, e para o seu copo vazio.
Peguei a garrafa pelo gargalo, ela ainda tinha um pouco de bebida e joguei contra a cabeça dele. O estrondo foi tanto que vi pedaços de vidro voando atrás do balcão, assustando quem estava por perto, mas o casal que estava além das mesas de bilhar não esboçou reação além de nos olhar e continuar a beber. Um segurança veio, vestido de urubu. Outro apareceu, careca, e esse perguntou se estava tudo bem. Disse que sim. Meu amigo na minha frente, com a cabeça sangrando um pouco e ainda tonto pelo baque disse que estava ok.
Nunca achei que ele diria isso, porém quis continuar a sua história. Pediu uma cerveja para ele e se ofereceu para comprar uma outra para mim, aceitei. Disse que era disso mesmo que estava falando, que eu havia compreendido-o completamente. 
Me disse que a sua vida era assim, estava com uma mulher há três anos mês que vem, mas tinha achado a mulher de seus sonhos em uma padaria. A primeira ele morava junto e a segunda era apenas uma amante, quando ele finalmente largou a sua mulher, a amante disse que estava namorando com outro cara e que eles deveriam deixar de se ver. O outro cara, o da amante, era rico e nunca tomaria cerveja barata e um pouco quente em um bar como esses, vivia na elite e tomava champanhe.
Ele me disse que queria tomar champanhe. Mas não me disse que queria ver a mulher de novo.
Ele me disse que sempre que acha que esta certo, vem alguém e lhe da com uma garrafa na cabeça. Vem a vida e lhe da com a garrafa na cabeça.
Mas ele não desistiu. Não até hoje.
O pobre homem continua levando garrafas, porém não desiste. Sempre que lhe perguntam, diz que esta ok.
E realmente ele está ok
Com garrafas quebradas e a cabeça sangrando e está ok.

quarta-feira, maio 08, 2013

quarta-feira, abril 24, 2013

Mataste a ti mesmo, moribundo

Sentado em uma cadeira, paredes brancas e o cheiro típico de remédios pairava o ar. Em uma cadeira sentava uma doce menina de cabelos loiros e olhos brancos, apalpando as pernas de seu pai para poder senti-lo, respirando o mesmo ar e ouvindo os mesmos sons. Ao lado da mesa, uma jovem mulher, com aparência limpa e poucas rugas no rosto, uma saia colorida contrastando com o ar de preocupação que solta a cada baforada. Sentado no meio, nu de pensamentos, está um homem que tem o cabelo escuro e as narinas grandes, somente consegue respirar com seu corpo entubado à uma escrivaninha.
A sua respiração está mais fraca, cada vez pior.
Entra um médico no quarto e seus sapatos gincham, faz alguns exames, abre-lhe os olhos, examina procura coloca uma luz lá dentro, sem reação: "É inoperável, vai morrer assim coitada."
Levanta a mulher triste com a pobre criança, decide sair sem agradecer. Atrás o homem levanta, ainda nu, e arrasta seus livros com ele.
Sua mulher dizia que esses livros todos foram pior do que se ele houvesse morrido.
Ele dizia, quando dizia alguma coisa, que sentia como se tivessem lhe levado a alma do coração.